Parte III: Série Arquitetura do Café — Carvalho & Faria
No Arquitetura do Café de hoje, apresentamos o edifício da rua do Comércio 106, que entre 1916 até 1920 foi sede da firma comissária Carvalho & Faria. A sociedade foi composta um ano antes da aquisição do imóvel, por Joaquim Pereira de Carvalho e Joaquim Augusto Faria. O primeiro era filho do falecido Antônio Pereira de Carvalho, e foi patrono da sociedade. Ele era um imigrante português que chegou à Santos com quinze anos e que conquistou fortuna com o transporte de pedras e gêneros; em 1890 já era conhecido como “rei dos carroceiros” na cidade.
Essa fortuna foi além de Santos, chegando ao interior do Estado. Cada um era representante dos fazendeiros de uma região de São Paulo: Carvalho tinha residência no município de Bocaina, próximo à Jaú, e Faria em Santa Branca, no Vale do Paraíba paulista. Entretanto, após a morte do patrono da sociedade, a sociedade não foi muito longeva, pois em 1920 é requerida a falência.
Este edifício manteve a estruturação de lote e planta assobradada colonial recebendo uma modificação em sua fachada adotando o estilo eclético apreciado pela elite burguesa. Esta fachada ricamente ornada com a justaposição com frontões, pináculos, colunatas, cachorros e estátuas realizados em massa de estuque imitando a pedra.
Trazia um sinal de modernidade com a adoção de movimentos arquitetônicos europeus, com a introdução de um maior refinamento técnico na construção, indo mais além indicando o poder econômica e social de quem ocupava o edifício, reforçado pela apresentação das iniciais do dono da empresa, localizadas dentro de um brasão, localizado sobre as vergas das portas principais ornados com platibandas, frontões e ramos de café.