Parte VIII: Série Arquitetura do Café — Cerquinho, Rinaldi & Cia
A postagem de hoje é sobre a antiga comissária Cerquinho, Rinaldi & Cia. Fundada em outubro de 1908, a firma era composta pelos sócios Alfredo Vaz Cerquinho, Miguel A. Rinaldi e Francisco de Negreiros Rinaldi. O italiano Miguel A. Rinaldi possuía negócios na cidade de São João de Rio Claro, onde também nasceu seu filho Francisco de Negreiros Rinaldi. Já os Cerquinho eram da região de São Carlos do Pinhal, onde Antônio Alfredo Vaz de Cerquinho, pai daquele se tornaria sócio da firma comissária santista, possuía fazenda de café desde fins do século XIX.
É difícil saber quando construíram a incomum sede de escritórios em forma de armazéns à rua Alexandre Rodrigues, próximo ao Valongo. Entretanto, sabe-se que funcionaram nesse endereço até o fim da sociedade. A firma entrou em concordata em fins de 1926, em meio a uma longa batalha judicial com a Banca Italiana e Francese per l’America del Sud.
O exemplar aqui apresentado marcou uma de mudança na tipologia arquitetônica. Os sobrados de pedra e cal, resquício do período colonial, com atualização das fachadas para o estilo neoclássico ou mesmo o eclético, onde o térreo era utilizado para estocagem e a parte superior para área administrativa, coexistiram com novas construções com perfil industrial e material de estruturação aparente.
Com o acesso a novas metodologias de construção e o conhecimento de novos materiais surgiram novas modelagens, como neste caso, onde ocorre o uso de alvenaria autoportantes em tijolos de barro. O material era muito utilizado para a construção em estruturas agrícolas por sua facilidade e agilidade de assentamento e passou a ser utilizado na vida urbana, tornando-se um símbolo da modernização trazida pelos recursos gerados pelo café.
Para ampliar a área de estocagem internamente eram utilizados pilares e cobertura em estrutura metálica. Outra característica é o gabarito térreo, devido a limitações estruturais do momento, ocupavam grande lotes a fim de atender a grande demanda de estocagem e produção.
A fachada é ritmada e marcada pelas aberturas, que são composições de madeira, ferro e vidro com desenhos em arco. Ela era sendo coroada com o frontão triangular que acompanhava a queda do telhado. Este tipo de exemplar começou a se tornar comum na paisagem urbana, tornando-se referenciais.